Essa primeira nomenclatura explicitava o foco em estudos junto a populações consideradas “tradicionais”, como pescadores artesanais, ameríndios, pequenos agricultores, quilombolas, entre outros, no sentido da constituição de suas práticas e saberes com base nos seus modos de habitar a zona costeira do litoral sul do Rio Grande do Sul.
No entanto, ao longo das discussões/debates conceituais e novas pesquisas, a noção de “tradicional”, por se tratar de um conceito com pouca flexibilidade para dar conta da ideia de movimento/transformação, entendida sobretudo a partir da dinamicidade do modo de vida dos grupos e coletivos que se constituíam nos interlocutores das pesquisas, foi dando lugar a uma ideia mais fluida em torno de saberes.
Paralelamente, abordagens em torno de saberes e suas práticas foi ganhando maior consistência teórica, sobretudo na perspectiva e de uma antropologia ecológica, enquanto modos de aprender a partir e junto ao engajamento das pessoas no/com o ambiente. Isso nos possibilitou entrar mais profundamente na questão educativa, relacionada a experiência de ser no mundo, seguindo a vertente fenomenológica. Ampliando o sentido dos saberes costeiros para além de um conjunto de conhecimentos e práticas criativamente elaboradas pelos variados coletivos que habitam a costa litorânea do pampa gaúcho, caminhamos em direção a uma compreensão metafórica da ideia de costa (ou costeiros) que concebe tais saberes como estando localizados à margem ou na periferia dos saberes hegemônicos, exercendo, desse modo, um movimento contra-hegemônico às formas de dominação e modos de conhecer socialmente estabelecidos pela Ciência, pelo Estado, pela Igreja e/ou por visões de mundo estruturadas a partir de uma lógica patriarcal, colonial e heteronormativa. Afinal, habitar as margens (epistemológicas e/ou geográficas) possibilita perceber o que está no centro de uma maneira mais crítica e criativa.
Atualmente o grupo reúne pesquisadores e estudantes de distintas áreas do conhecimento, que transitam principalmente pelas áreas da Antropologia, Arqueologia e Educação Ambiental e se interessam pelos saberes e formas de se relacionar com o mundo elaborados pelos coletivos que circulam e habitam os campos litorâneos do Bioma Pampa.